17 de agosto de 2009

Tatear no escuro...e tropeçar no nada

Lentamente, vou compreendendo o absurdo da tarefa de que incumbi. Tenho a sensação de tentar ir a algum lugar, como se eu soubesse o que quero dizer, mas quanto mais longe vou, mais seguro me sinto de que o caminho rumo ao meu objetivo não existe. Tenho de inventar a estrada a cada passo e isso significa que nunca posso ter certeza de onde me encontro. Uma sensação de andar em círculos, de sempre voltar atrás pelo mesmo caminho, de partir em várias direções ao mesmo tempo. E mesmo que eu consiga fazer algum progresso, não estou nem um pouco convencido de que vá me levar aonde penso estar indo. Só porque vagamos sem rumo no deserto não significa que exista uma terra prometida (p. 40-1).

A invenção da solidão - Paul Auster

3 comentários:

Lutch disse...

Ahh...objeto a...
Adoro este livro!

Rafael Caselli disse...

Rapaz, esse livro sozinho merece um blog! E essa página 41, se não me falha a memória, é mágica...

Rafael Caselli disse...

E essa última frase..."só porque vagamos sem rumo no deserto, não significa que exista uma terra prometida".
Puta que p....eu fico sem palavras pra comentar o Pau(l) Auster nesse trecho. Pra mim o cara captou o que é o negócio da vida, de todas as nossas combinações secretas e esperanças de retorno, em troca de algum sacrifício idiota prometido silenciosamente entre nós e o Outro. Pra mim essa frase é isso. Ótimo porque li esse livro há dois anos e só elaborei isso agora.

Muito bom o post, mon chéri, obrigado. ;)