1 de fevereiro de 2010

Cinematerapia

Steven Spielberg tinha 24 anos quando dirigiu Encurralado. Tinha trabalhado na televisão (um episódio do seriado Columbo servira como seu cartão de visita), mas ninguém era capaz de prever que ele daria um tratamento tão precioso ao filme. Mais do que o caminhão, mais do que o motorista num crescente de pavor interpretado por Dennis Weaver, o diretor é a estrela de Encurralado. Como ao ler as primeiras páginas de um grande romance, você sente que está diante de um talento enorme, incalculável. Um talento que não poderia se pressupor nem se considerar tão esperto. Imagino que foi isso que Spielberg quis dizer alguns anos atrás, quando falou a um jornalista que tentava rever Encurralado a cada dois ou três anos, “para me lembrar de como fiz aquilo”. É preciso ser jovem, ele sugeriu, para demonstrar uma confiança tão arrogante.

É fácil entender por que os executivos dos estúdios deram uma olhada em
Encurralado e lhe ofereceram a direção de Tubarão (1975), alguns anos depois. Se Spielberg era capaz de tornar um caminhão assustador, imagine o que poderia fazer com um tubarão. (Que, como o motorista do caminhão, fica a maior parte do tempo invisível. Vemos apenas as conseqüências: um cão que desaparece, uma garota que é puxada subitamente para dentro d’água, uma boia explodindo na superfície, coisas que anunciam a presença do perigo, mas nunca mostram sua face. Jovem ainda, Spielberg teve a intuição de que, se você quer assustar as pessoas, deve deixar a imaginação delas fazer o trabalho pesado) (p. 83).
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O Clube do Filme - David Gilmour

Um comentário:

Anônimo disse...

isso foi ineditamente inédito pra mim rsrsrsrsrs existem genios por aí e ainda bem que spielberg teve uma chance né =D